Depois do segundo aborto retido e um espontâneo, fiquei numa depressão muito grande.Ninguém me ouvia, todos se calavam, evitavam o assunto. Ignoravam meu luto. Agiam como se nada tivesse acontecido e eu cada vez mais me sentia mais sozinha.
Encontrei numa livraria um livro chamado “Maternidade Interrompida – O Drama da Perda Gestacional” , a autora portuguesa Maria Manuela Pontes depois de passar por duas perdas, resolveu quebrar o silêncio e dar voz às mulheres que enfrentaram o mesmo problema. O livro traz depoimentos que tratam da dor e do luto de mulheres que viveram essa situação.
Comecei a ler o livro e a princípio me angustiei. Revivia meus momentos de dor lendo o relato de sofrimento de cada uma daquelas mulheres. Mas percebi que nós tínhamos algo em comum: nossos sentimentos estavam sufocados, nosso luto não estava sendo respeitado. E comecei me solidarizar com tudo o que lia.
Cada página, cada depoimento, era como se eu fizesse uma nova amizade, como se ganhasse um abraço e ouvisse “estamos juntas nessa luta” .
Lendo aqueles relatos percebi que não só aqui, mas no mundo todo, os médicos não sabem lidar com a situação da perda gestacional. Nós estamos ali perdendo nossos filhos, e somos internadas na maternidade, onde as mamães estão felizes pelo nascimento dos seus.
Não temos apoio psicológico, nossos amigos não sabem como nos ajudar, as pessoas ficam a falar “ahhh isso é normal, logo vc engravida de novo, esquece isso!” .
Isso não é normal, pode ser comum, mas não é normal.Normal é a mulher engravidar e o filho nascer. Isso sim é normal. Esse livro me ajudou tanto, fiquei mais corajosa em falar das minhas perdas, não me senti mais sozinha, sabia que em algum canto do mundo tinha uma mãe que me entendia, tinha uma mãe que eu entendi . Eu não era mais única, não era mais a vítima.
Após ler o livro eu ofereci ele no GAMA,(Grupo de apaio a mães de anjo) caso alguma mãe se interessasse, enviei o livro para uma mãe de Curitiba, e a lista foi crescendo. Todas estão assinando seus nomes e repassando para frente.Quando ele retornar para minhas mãos quero homenagear cada uma das mães de anjos que participaram dessa corrente.
Não é bonito falar de sofrimento, não tem graça falar de dor. Ninguém quer perder ou passar por isso, mas é bonito vc estender a mão, tem graça vc dar um abraço caloroso em quem sofre. Se não tem palavras para nos confortar, ofereça seus ouvidos, nós só queremos ser ouvidas.
Espero que tenha ajudado a todas que estão lendo assim como me ajudou.
Com carinho
♥Ednéia
Sobre o Livro:O livro lançamento pela Editora Ágora, apresenta depoimentos que tratam da dor e do luto de mulheres que viveram essa situação.A obra reúne experiências singulares de mulheres, mães e guerreiras que compartilham suas histórias ao longo de quatro capítulos. São testemunhos intensos de uma dura realidade, que, silenciosa, clama por ser ouvida. Para aquelas que passaram pela perda, além de familiares e profissionais de saúde, a obra configura é de um grande apaio.
Ednéia Santiago, tem 31 anos, é escriturária, de Porto Ferreira, interior de SP.Sem planejar em 2010 ela engravidou pela primeria vez e desde de então sofreu três perdas gestacionais,a ultima há três meses.E mesmo que ela nunca tenha visto ou tocado seus filhos,sabe que eles existem e se orgulha em chama cada um pelo seu nome-Felipe, Olívia e Samuel. Agora,apesar de ainda estar vivendo um momento dificil,ela decidiu investigar os motivos das perdas e depois disso,engravidar novamente.
” O Senhor é contigo Edneia valente,vai nessa tua força!”
Olá, também perdi meu bb com 12 semanas, e fiz curetagem ontem dia 20/06. Estava procurando esse grupo GAMA, mas não encontro queria muito ler este livro, etsou como nervos a flor da pele, muito machucada, era meu primeiro filho…