O que pode ser mais difícil que frustrar a expectativa de uma criança que esperava o irmãozinho louca de ansiedade, quando as coisas não dão certo? Ainda mais num momento em que os pais estão tristes e lidando com seu próprio luto?
Assim como os adultos, cada criança reage a uma notícia dessas de um jeito diferente. Independentemente da idade, há crianças que são mais sensíveis que outras, ou que fazem mais perguntas. Lembre-se de que você conhece seu filho melhor que ninguém, e isso vai ajudar a decidir de que forma dar a notícia e conversar sobre a perda.
É preciso explicar tudo o que aconteceu?
Não necessariamente. Você pode achar que seu filho ainda é muito pequeno para entender o que aconteceu, ou avaliar que o melhor é não tocar num assunto que vai deixá-lo perturbado.
Quando se trata de um aborto espontâneo bem no comecinho da gestação, pode ser até que seu filho nem soubesse da gravidez. Mas é possível que ainda nesse caso ele tenha ouvido comentários ou percebido alguma coisa, e quando a perda é mais tardia talvez já estivesse envolvido nos preparativos, como a escolha do nome e a compra de roupinhas.
Mesmo que ele não soubesse da gravidez, é comum crianças pequenas sentirem que há algo errado. Talvez a mãe tenha ficado longe de casa por alguns dias, ou ele tenha notado que os pais estão chateados. Por isso, a criança precisa saber que vai ficar tudo bem, e que a tristeza não tem a ver com ela.
A partir dos 4 anos a criança passa a ter noção de vida, e por isso pode se interessar por saber mais sobre morte também, perguntando a causa, e se outras pessoas vão morrer. Esclarecer as dúvidas é importante nesta fase. A criança precisa de segurança.
Reações comuns em crianças pequenas
Crianças pequenas, de até 3 anos, podem ter reações bem variadas à tristeza que atinge a família no caso de uma perda. Não se surpreenda se seu filho ficar mais agarrado a você, começar a regredir e agri com umbebe, ou começar a chorar para ir para a escola.
Ele percebe que a rotina mudou, que alguma coisa aconteceu, e que todos os adultos da família estão tristes. Mas há crianças que não demonstram nenhuma reação, ou que alternam momentos de tristeza com momentos de excitação e hiperatividade.
Orientações para a hora de contar que o irmãozinho não vem
Leia abaixo algumas recomendações. Lembre-se de que você conhece seu filho mais do que ninguém.
Não fuja das perguntas da criança
É comum que crianças perguntem: “O que aconteceu com o nenê?”, “Para onde ele foi?”, “Ele vai voltar?”. Responda a esse tipo de pergunta de um modo simples e direto. Talvez valha a pena mencionar o assunto morte em si, lembrando algum caso recente (a morte de uma pessoa mais velha, ou de um animal de estimação).
Não encompride as respostas
Crianças pequenas não conseguem absorver muita informação de uma vez. Pode ser mais fácil explicar a situação em termos físicos: “O bebê não estava crescendo forte e bonito dentro da barriga da mamãe como você cresceu. O corpinho dele parou de funcionar. Ele não está doente nem sente dor, mas não poderemos conhecê-lo”.
Fale sobre a perda do bebê
Se seu filho sabia da chegada do irmãozinho, pode ser que ele tenha sentido medo e desejado que aquilo não acontecesse. E, como não aconteceu, pode se sentir culpado. Ou então pode ficar simplesmente triste. Às vezes, fazer um desenho ou algum tipo de homenagem ao bebezinho que não vem mais pode tranquilizar a criança.
Não esconda as suas emoções
Ficar triste é essencial para conseguir superar um pouco o sofrimento, tanto para crianças como para adultos. Explique ao seu filho que adultos também choram de vez em quando, e que você está triste porque perdeu o bebê. Crianças pequenas percebem quando os pais estão tristes, mesmo que eles escondam. Vai ser pior se ele souber que alguma coisa está errada, mas tiver de ficar adivinhando o quê.
Evite eufemismos
É quase automático usar expressões como “foi embora”, “está dormindo”, “foi para o céu”, ao falar da morte para crianças pequenas. Mas nesta idade a criança leva tudo muito ao pé da letra, e pode, por exemplo, ficar com medo de morrer também quando for dormir, ou achar que a mãe vai morrer só porque “foi embora” (para o trabalho).
Tome cuidado com explicações religiosas
Tudo depende do seu tipo de crença, mas, se você quiser dar uma explicação religiosa para a perda do bebê, pense bem no que vai dizer. Seu objetivo é tranquilizar seu filho, mas o efeito pode ser o contrário.
Dizer “o nenê está feliz porque está no céu” pode deixar a criança confusa: “Como pode o bebê estar feliz se todo mundo aqui está tão triste?”. Ou dizer “o nenê era tão bonzinho que Deus quis levá-lo para ficar junto com ele” pode fazer a criança pensar: “Será que ele vai querer me levar também? Talvez seja melhor eu não ser bonzinho, para poder ficar aqui com o papai e a mamãe.”
Uma frase mais adequada, para pessoas religiosas, seria: “Estamos muito, muito tristes porque o nenezinho não está mais aqui com a gente, mas pelo menos sabemos que ele está com Deus e que Deus vai tomar conta dele.”
Prepare-se para reações inesperadas
Não é incomum que a criança ache que o bebê morreu por causa de algo que ela fez ou disse. Explique que não foi culpa de ninguém. Não se surpreenda se a criança demonstrar raiva contra você, contra o médico ou até contra o próprio bebê.
As birras pode ficar mais frequentes, porque esses ataques de fúria são uma válvula de escape para a tristeza e a tensão que ele está captando no ambiente — mesmo que a crise de choro seja por outro motivo qualquer, aparentemente.
Saiba que o assunto vai reaparecer a toda hora
As perguntas devem se repetir, porque é difícil para uma criança pequena entender que a morte é uma coisa definitiva, que não tem volta. Podem surgir novas dúvidas, conforme ela vai compreendendo a situação. Não ache que as perguntas reaparecem porque você não explicou direito das primeiras vezes — a repetição é normal. Continue a responder, com toda a simplicidade e a paciência que conseguir.
Faça o máximo para fazer a vida da criança voltar ao “normal”
Não abandone a rotina do seu filho — é a ela que ele se agarra em busca de segurança, a coisa que mais precisa nessa hora. Recorra à ajuda da família e dos amigos. Quanto antes a vidinha dele voltar ao normal, melhor. Hora para comer, hora para dormir, hora para acordar, continuar a frequentar a escola, conviver com amiguinhos, tudo isso contribui para aliviar a tensão e a tristeza.
A retomada da rotina da criança ajuda os adultos da casa, também, a se recuperar.
Não tentem ser perfeitos
Não tem problema chorar na frente do seu filho. E não dá para responder a todas as perguntas do jeito mais correto e adequado. Tem horas em que simplesmentenão dá. Peça a ajuda de amigos e parentes, e lembre-se de que você precisa cuidar de você primeiro para poder servir de apoio para o seu filho.
Se alguns meses se passaram e as coisas não parecem estar melhorando — pelo contrário –, é essencial conversar com seu médico, para decidir o que fazer para ajudar você.
Matéria publicada originalmente no site o BabyCenter Brasil
Amiga tu está sempre me surpreendendo..matéria muito importante, sei que vai ajudar outras mães que assim como eu passam por isso. Até hj meu filhote pede pela imãzinha..é lindo ver o amor que ele sente por ela..é triste também. Um bjo Cassia querida do meu coração e obrigada por uma matéria tão linda e importante com meus tesouros
Oi minha linda amiga…eu fico feliz em poder ajudar você nessa caminhada…assim com sou feliz por ter você me ajudando…o Otavinho me parte o coração….amo voces…