Eu estava sem trabalhar havia algum tempo. Foi uma decisão que tomei para poder cuidar dos meus filhos, afinal, seriam três crianças.
Com a morte do Júnior, eu me senti muito perdida. Joguei sobre mim toda a carga de culpa que pude, comecei a me sentir impotente, deixei de enxergar as cores da vida e mesmo tendo dois filhos aqui que ainda precisavam de mim, foquei os meus pensamentos e direcionei o meu mundo somente ao Júnior.
Nada mais natural para uma mãe que perde um filho, vivenciar essa dor até o fim; é justo!
Num momento desses, você tem licença para revelar seu lado frágil, sentir-se triste. “Viver o luto é essencial para superar a perda, não dá para pular essa etapa.”
Acontece, que os dias foram passando e eu não conseguia encontrar a luz no fim do túnel, percebi que a vida ao meu redor continuava e que as pessoas seguiam seus caminhos.
Comecei a me sentir muito só, e qualquer tentativa de desabafo não me era correspondida.
As pessoas próximas começaram a evitar o assunto “Júnior”, e muitas começaram a me evitar.
Por um momento, comecei a pensar que era por maldade, mas depois fui entendendo que era por falta de conhecimento, por ignorancia. As pessoas não sabiam como agir e tinham medo de me magoar ao falar do meu filho.
O que poderia me ferir mais do que o fato dele ter partido?
Mas o fato, é que eu estava só. Só eu e minha dor.
Resolvi que se eu não tinha com quem conversar, eu escreveria. E assim eu fiz!
Eu havia criado o Blog Menino e Menina Pequeninos, meses antes de engravidar, então comecei a desabafar ali a minha dor. Conheci inúmeras mães com histórias parecidas com a minha, outras com histórias ainda mais sofridas. Com muitas delas criei um vínculo muito forte de amizade que levarei para toda a vida; recebi muito apoio de pessoas que sabiam exatamente o que eu estava sentindo, dei muito apoio também e assim comecei a me sentir mais forte, menos sozinha. Porém, senti que ainda estava faltando alguma coisa para que eu conseguisse me reerguer de vez.
Eu precisava me sentir útil, me sentir capaz, porque o sentimento de culpa por não ter conseguido mudar o destino do meu filho, me atormentava ainda.
Um dia, conversando com minha mãe, nos lembramos dos trabalhos manuais que eu já havia feito em alguns momentos da minha vida, nunca como fonte de renda, mas sim como lazer.
Então pensei: Por que não usar os trabalhos manuais que tanto gosto de fazer para ocupar a mente?
Fiz uma peça; fiz outra peça; mostrei aqui; mostrei ali e as pessoas começaram a gostar e encomendar.
Desde então não parei mais e mergulhei no trabalho. Hoje, além do artesanato ser algo extremamente prazeroso pra mim, vejo nele a possibilidade de fonte de renda que me permite estar próxima aos meus filhos.
Voltei a fazer planos, a me sentir útil.
É claro que o Júnior faz parte da minha vida e nunca deixará de ser lembrado com muito amor, mas chega uma hora que é preciso aprender a conviver com a dor da perda e seguir adiante. E EU ESTOU SEGUINDO.
Para conhecer mais sobre meus trabalhos e fazer encomendas,visite meu blog :http://bdangoartesanato.blogspot.com/
Um forte abraço,
Debora Salvo
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