” O Poder de dar vida ao Natal está em nossas mãos”

O mês de dezembro costuma trazer consigo independente de qualquer situação que estejamos vivendo, expectativas, stress e ansiedade  Acredito que esse é o mês mais esperado,apesar de as vezes amado e outras odiado.A culpa de tudo isso vem parte da nossa infância e parte da nossa cultura ocidental.A maioria de nós,pobres ou ricas,com ou sem presentes,colecionadoras de traumas ou presentes natalinos ,sempre tivemos paixão pelas luzes e cores das festa de fim de ano,que apesar de pertencer a Jesus, na infância para nós está mais  relacionando ao velhinho Noel.Com o passar dos anos,cada uma de nós de acordo com seu historico de vida, aperfeiçoa ou desmistifica o sentindo “infantil” do natal.

Eu pessoalmente não me lembro de ter tido arvore de natal na minha casa quando eu era criança,nem tão pouco de ganhar presentes,seja do papai noel ou dos meus pais.As lembranças que que tenho dessa epoca ,são da chegada dos meus primos,vindo de São Paulo e os grandes ceias natalinas que meus pais faziam.O peru era de verdade,quer dizer…vivo,cheio de “penas” e nunca congelado.A mesa ela colocada no quintal e era imensa.Um cordão improvisado cheio de lampadas corri iluminando todo o quintal e as portas ficavam abertas dando boas vindas os amigos e vizinhos.   Minha mãe uma artista,que transformava pedaços de tecidos em vestidos de princesa, fazia vestido lindos pra usarmos naquela ocasião.Lembro especialmente  de um vestido verde,rodado cheio de laços e fitas e que eu e minha irmã usamos em uma dessas grandes noites festivas,ali na Praça Frei Henrique Cavalcanti,na casa do seu Cineas,meu pai.

Não sei quantos anos eu tinha quando me apaixonei pelo natal,mas,me lembro exatamente do ano e  do motivo que me fez não querer mais ama-lo.Era 1990  e na geladeira vermelha da minha mãe não tinha  guarana York na cozinha aquelas enormes panelas de ferro não estava sob o fogo,não havia luzes improvisadas no quintal,as portas não estavam mais abertas dando boas vindas aos vizinhos e amigos e o peru estava feliz e livre em algum lugar pois ele não seria a”estrela” da noite na casa de Alzenira aquele ano…ou qualquer outro ano…

Alzenira,minha mãe,mulher calada,de sorriso raro,discreto e inesquecível,só tinha 48 quando descobriu que estava com câncer de mama.O câncer levou minha mãe e minha paixão pelo natal.

Nos anos seguintes,os natais foram vazio e sem sentido,nós irmãos já todos espalhados vivendo suas vidas e tentando reconstruir o natal,cada um a sua mameira e trauma Eu só comecei a voltar  paquerar o natal,mas,ainda com um pé atras,depois que minha filha Victoria nasceu,em 1994.A sociedade, família, televisão,lojas,arvores,presentes,papai noel seduziu minha filha e eu fui seduzida pela sedução dela,afinal quem resisti aos olhos de uma crianças apaixonada pelo natal?

Eu não resisti e segui vendo e vivendo o natal pelos olhos dela.A Vick seguiu a sua vida apaixonada pelo natal,apesar de ser filha de pais separados,suas experiências com o natal eram sempre positivas… família,presentes,peru e rabanadas.Victoria assim com eu acreditava na magia e na eternidade da vida natalina feliz .Até que em 2006 uma semana antes do natal,sua avo, alguém que ela tinha uma ligação muito forte,morreu de câncer de mama.O câncer de mama, alem de levar mais uma pessoa  muito amada,queria matar o natal mais uma vez. Diante dessa perda a Vick desejou tirar a paixão pelo natal de dentro dela,afinal assim como em 1990 eu vivi o inicio da desmitificação do natal,agora o natal mostrava pra ela outra cara,uma cara que eu já conhecia… solidão,saudade,medo,vazio.

Em 2010,eu que sempre preferia arvores pequenas,decidir comprar uma grande.Eu gravida,com meus dois bebes na bariga,minha filha Vick de uma lado e meu marido do outro,queira viver intensamente o espirito natalino,afinal era um novo tempo.Foi um natal muito especial,cheio de amigos e celebrações. Apesar de todo stress e correira,o espirito natalino,só não é mais contagiante do que o espirito de Deus.

Quando janeiro chegou e o espirito natalino partiu,desmontei minha arvore e guardei com cuidado dentro de uma caixa,afinal agora eu teria uma casa cheia,como na época da minha infância e nos próximos anos,pensei eu,vou usar essa arvores muitas e muitas vezes e os natais voltaram a ser mais “natal” tanto pra mim como pra Vick.

Bom,aquela caixa enorme coma arvore de natal não foi aberta no natal de 2011 e não será aberta agora no natal de 2012.A minha família não ficou completa,ficou faltando  A Vick que ao invés de reorganizar o natal dentro dela com o nascimentos dos irmãos,viu as luzes natalina se apagarem de novo ao perdeu o irmão, e ver a mãe extremamente deprimida.Nós haviamos nos preparado para as luzes e cores de 2011,encontramos luto e escuridão.

Eu,confesso que ao perder meu filho,decidir arrancar de dentro de mim todo e qualquer vinculo natalino…desejei quebrar todas as arvores,enfeites,bolas e arsenal natalino que vi na rua….pensei até em colocar uma bomba dentro do bolso do Papai Noel para ver se acabava com todos esses bons velhinhos e o natal fosse pra sempre cancelado….Acho que Jesus não iria si importar…quer dizer..acho que ele não iria si importar se acabasse com o natal,mas,claro não iria gostar nada de saber da traquinagem que fiz com o pobre velhinho…

Hoje as vésperas do segundo natal,que o natal me abandou de novo e com o bom velhinho bem vivo e bem gordinho, eu me vejo diante de um grande desafio e responsabilidade.O natal na casa onde nasci morreu quando minha mãe morreu…minha mãe era o natal e a nossa  vida.Assim com eu sou o natal e vida dos meus filhos, eu sou e exerço( ou deveria exercer) na minha família o mesmo papel que minha mãe exerceu..assim eu posso dar vida ou matar o natal da minha familia. A Vick  é jovem e pode se alimentar de noites e noites natalinas inesquecíveis ainda na sua vida.Já meu Chris que ainda nem começou a si interessar pelas luzes e pisca-pisca de natal tem o direito de ter experiencias felizes e marcantes de natal como eu ou tive…

Minha mãe não teve culpa de ter morrido e nem é responsável pela morte do natal em mim,mas,eu estando viva,sendo livre, saudade e lucida serei responsável e algum dia comprada pela vida e suas conseguencias se matar o natal dos meus filhos.Há uma grande diferença quando temos  escolhas.Eu tenho a chance de salvar o natal dos meus filhos,minha mãe não teve,mas,faria se tivesse tido.

Apesar de ter paciência com meu próprio luto,te não me precionar pra tomar atitudes que não estou preparada, sinto que é tempo de começar a restaurar o natal.Não vou esperar de mim uma atitude impulsiva, rápida,mas,sinto que já é tempo de me movimentar.

Vou começar não me escondendo das luzes do natal,vou enfrentar o clima de festa dos shopping,visitarei com meus filhos os lugares decorados com motivos natalinos.Comprarei roupas novas pra toda a família especialmente pra essa noite….e até vou cortar meu cabelo.

Na minha casa,vou começar fazendo algo singelo e especial,de um lado a arvore de natal em memoria do meu filho Oliver e pela casa bolas,luzes  e laços que nos lembre que é tempo de recomeçar.Acredito que assim,com pequenas ações,pequenas mudanças na atitude  e rotina,sem que eu me assuste  e sinta dor o natal voltará a viver na minha casa e  no ano que vem,juntos vamos abrir aquela caixa que guarda a arvore há dois natais e montaremos  esse simbolo de nascimento e vida…afinal renascer e voltar a viver é o que eu e você que perdemos filhos,precisamos.

Que venha 2013

Cassia Cohen -Editora Chefe
Em 1º de abril de 2011 Cassia teve gêmeos,Christopher e Oliver.No dia 06 ,Oliver,o caçulinha faleceu devido a complicações de uma infecção intestinal(enterocolite necrosante ).Em 06 de abril de 2012,um ano depois da partida do seu filho,a revista eletrônica foi lançada. Cassia é Piauiense, mora na Flórida-EUA com seu marido,Stuie e seus filhos Vick e Chris.
http://mulheresferidasquevoam.com

Oi Meninas...e então o que vocês acharam?...comentem

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