O trem da minha vida, que seguia tão belamente, parou nessa estação chamada luto

Larissa,filha dos Pastores,José Roberto e Jane Leal,morreu aos 21 anos

Todas as dificuldades pelas quais passamos nessa vida são passíveis de algum tipo de solução. Sejam quais forem suas necessidades, há soluções para elas. Por exemplo, se há falta de pão, a solução vem pelo trabalho. Caso o trabalho não apareça, existem as ações sociais, os amigos bondosos. Essas são possibilidades para suprir essa necessidade no âmbito terreno.

A Bíblia diz que todas as nossas necessidades estão sob o domínio do nosso Deus. “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas” (Mateus 6.31,32). Logo, a nossa ansiedade e preocupação não trazem solução, trazem somente confusão e com isso perdemos a visão da solução que o Senhor tem nos dado para estas situações.

Porém, dentro de toda gama de necessidades que acompanham a nossa existência, e apesar de Deus nos dar paz e de dizer que há solução para todas elas, há um item na vida que não existe uma solução terrena sequer, esse item chama-se morte. A morte é a única coisa para a qual não se tem solução aqui na Terra. Ela é terrível! O livro de Romanos nos diz algo a respeito disso: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Romanos 5.12). Pela desobediência de Adão e Eva a humanidade ficou sujeita a essa coisa terrível chamada morte.

Quero contar um pouquinho daquilo que essa terrível consequência do pecado trouxe para muito perto de mim. Em novembro de 2010, Larissa, 21, filha amada, criada segundo os conceitos da Palavra de Deus, no amor, na relação diária de uma família, de um lar, na graça de Deus, assim como você, lutando com questões como escola, compromissos etc. Num domingo, após o culto, chegamos em casa, fizemos um lanche, nos confraternizamos como família e fomos deitar. Depois de um tempo Larissa entra no meu quarto e diz: “Não estou passando bem”, e ela, em agonia pela falta de respiração, disse: “Pai! Eu vou morrer!” Imediatamente falei: “Você não vai morrer! O pai está aqui! Imagine que você vai morrer!

Quarenta e cinco minutos depois minha filha estava morta. Sem explicações, sem entendimento. Nesse momento fiquei pensando no que eu disse para ela antes: “Você não vai morrer! O pai está aqui!”. Então percebi, que para todas as coisas podemos encontrar uma solução, mas para a morte não. A morte então propõe uma única coisa que não tem nada de belo, o chamado luto. Se existe algo terreno para que possamos falar da dor que a morte traz, é o tal do luto. Eclesiastes 7.2 fala: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração”. Como que você encontra alguma ideia boa nisso? Se naquele domingo, algumas horas antes, estava tão boa a festa, estávamos felizes por termos nos encontrado e feito aquele lanche, e apenas pouco tempo depois tudo aquilo se transformou numa imensa dor e num profundo luto. Naquela madrugada, quando eu saí do hospital com a notícia, andando pelas ruas da cidade, eu tentava me agarrar a todas as palavras de consolo que tinha ouvido antes.

Cheguei para o luto, com as coisas que vão se somando a estas paradas da nossa vida e pensei: “Senhor, onde está a beleza do luto? Como resposta, descobri que há solução para a morte sim, mas ela não é terrena. Foi uma luta entender que o luto é um bom lugar. Mas em que esse lugar é bom, meu Deus?

O trem da minha vida, que seguia tão belamente, parou nessa estação chamada luto. Desci nela e a minha vida parou, mas percebi que esta era a estação da graça de Deus. Nessa parada da graça de Deus você pode ser abastecido, porque há sim solução para a morte. A morte é desprovida de graça, ela é uma desgraça, mas a graça é desprovida de morte, pois ela, a graça, é vida. Só a graça pode prover vida. E se o Senhor diz que a estação do luto é boa, é porque é uma estação repleta de graça.

A graça vem, estende a mão, te conduz e tira você da sala insegura da crença e te coloca em absoluta segurança na sala da confiança. Nela você pode ver escrito uma grande placa que diz: “A minha graça te basta”. Quando a gente entende o que é essa “graça que basta”, ela te enche, controla tua dor, chora com você, porque a graça é Jesus e Jesus passou por todas essas coisas. A graça só é possível por Jesus. Ele passou fome, passou pelo deserto, atravessou inimizades, desconfortos diários, foi traído, e passou pela morte e ressuscitou. Como a morte foi vencida por Jesus, então eu posso, sim, dizer que existe solução para ela.

Qual é a mensagem que eu quero compartilhar com você? Muitas são as formas e atitudes do coração pelas quais as pessoas expressam o seu luto. Abraham Lincoln quando teve seu filho morto, recebeu a visita de um pianista e o levou à sala onde seu filho estava. Ali tocaram hinos, ele chorou e a sua alma com isso foi consolada. Um cantor muito conhecido, Eric Clapton, perdeu, de forma trágica, o seu filho de 10 anos, que caiu de um prédio nos Estados Unidos. De alguma forma o seu luto precisava ser lançado fora, e um dia ele fez uma música muito linda. Por meio do seu violão e da música ele pôde expressar a profunda dor que estava no seu coração, entregar o seu luto e cantar aquela canção como que oferecida ao seu filho. O meu luto, a minha forma de expressão não pode ser nenhuma outra se não me deitar na graça de Deus e me deixar ser embalado por ela. Porque nela encontro todos os recursos que eu preciso. Eu vou encontrar todas as canções que são necessárias, todos os abraços que forem necessários, todos os lenços estendidos para enxugar minhas lágrimas.

O meu luto pode ser expresso por meio deste artigo, não como uma expressão de dor, mas como um lugar onde eu posso chorar com você. Não para comover seu coração, mas para dizer: não se preocupe! Existe um lugar, existe uma nova dimensão para mim e para você! Não se desgaste, se matando mesmo estando vivo. Continue amando, estenda a mão aos seus amados, cuide da sua casa, vá atrás dos seus filhos, abrace-os, você não sabe por quanto tempo os terá. Não sabe quanto tempo sua casa permanecerá. Use sua vida com propriedade.

Pare de crer e comece a confiar. Muitos creem, mas quando o perigo bate à porta e a sombra da morte sobrevem, a confiança se vai. Quem crê está cheio de perguntas e indignações, mas quem confia se alimenta e segue em frente. Mas confiar em quem? Confiar em Jesus. Por quê? Porque ele morreu e ressuscitou por mim e por você. E ainda digo mais, a solução para a morte está nEle, pois a vida eterna está nEle. Em nenhum outro lugar ou pessoa você vai encontrar essa porta, essa saída. Portanto olhe para cima e ouça a voz do salmista que diz: “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião que não se abala, mas permanece para sempre!” (Salmo 125.1). Os que confiam no Senhor não são aqueles que mencionam o Seu nome, mas são aqueles que nas aflições levantam seus rostos para os céus, encharcados pelas lágrimas, e podem dizer: “Senhor, está doendo, mas Senhor, sem a sua presença nada me presta, nada me satisfaz, porque somente o Senhor tem as palavras de vida eterna”. Na eternidade não há falência, doença, tristeza, solidão. Não há fraqueza, depressão, desilusão, separação. Na eternidade não há morte.

Essa eternidade é conquistada pela confiança e entrega total a Jesus. Sabe por quê? Porque nEle não há desilusão. Todos os motivos para eu ficar desiludido me foram propostos. Minha filha, três dias antes de falecer, sentou-se comigo e com seu namorado e pediu que eu abençoasse as alianças de compromisso, que orasse com eles, pois tinham a pretensão de casar no ano seguinte. Isto foi numa quinta-feira. Saberia eu que três dias depois a morte bateria à minha porta? Todos os motivos de desilusão estavam ali naquela madrugada de segunda-feira, mas a graça de Jesus me envolveu e toda a força da desilusão não teve espaço para me levar à derrota pela perda da minha filha.Digo a você, que choro, que sinto dor, que há lágrimas nos meus olhos, e que a força da desilusão rodeia o meu cotidiano, mas nada disso é maior do que a minha confiança em Cristo Jesus. Ele é a fonte pela qual toda desilusão é desfeita. Ele é a estação presente da graça de Deus. Algo que não é da força da minha mente, que não é força positiva, mas é algo que eu tenho em fé e experimento no meu coração. E se eu posso compartilhar essa experiência com você é porque fui lapidado pelo que passei nestes dias. Creia, posicione-se, permita-se aquecer, se encher deste Cristo, que disse: “Eu voltarei e levarei cada um de vocês comigo para um novo tempo, para uma nova alegria, para uma dimensão em que não haverá morte, em que a tristeza não estará presente”.

Enquanto estamos aqui precisamos preservar em nosso coração a palavra e a pessoa de Jesus que diz: “Não se turbe o vosso coração, na casa de meu pai há muitas moradas. Se não fosse assim eu teria dito, eu vou preparar lugar para vocês” (João 14.1, 2). Não estamos desamparados, e tampouco fomos despejados neste mundo. Fomos ganhos para uma Nova e Eterna Aliança. Assim como Ele propõe uma morada para você, Ele diz que precisa morar em seu coração. Se você não der morada a Cristo no seu coração não há como experimentar a morada celestial.

Uma das histórias mais lindas que veio sobre minha vida nesse tempo de consolo de Deus foi de um pai, também pastor, que perdeu seu filho em um acidente horrível. Uma moça, sem habilitação, em alta velocidade, atropelou o seu filho de 22 anos. Todas as dores vieram ao seu coração. Ele lembrava que nos últimos dias seu filho havia se encantado com a leitura de um livro chamado “O Filho Pródigo, o filho que volta para o pai”. As doçuras do coração de Deus tinham entrado no coração daquele moço que vibrava com os céus e com a Palavra de Deus. Na hora de se despedir, esse pai chegou junto ao caixão, pegou o livro, colocou-o nas mãos do filho e disse: “Filho querido, agora sim você está voltando para o seu Pai, para alguém que ama você muito mais do que eu”. Ele olha para cima e diz: “Senhor muito obrigado porque o Senhor resolveu cuidar do meu filho para todo o sempre, porque o teu amor é muito maior do que o meu”. E finalizou dizendo: “Vai filho, vai para casa do teu verdadeiro Pai. Porque lá sim, você terá seu eterno descanso”.

 A ressurreição que há em Jesus é uma esperança maravilhosa. Por isso creio que minha filha e eu voltaremos a fazer nossos lanches. Creia nessa outra dimensão, creia no que Jesus tem preparado para você além dessa vida. Eternamente vivendo com o Senhor numa dimensão que não temos como descrever, mas que é extraordinária. Ele disse que é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim de todas as coisas, por que você está preocupado? Por que seu coração está angustiado com estas coisas passageiras e terrenas? Entregue-se totalmente a Jesus Cristo, seu Senhor, Salvador, zeloso da sua vida, o único que venceu a morte e trouxe a dimensão da eternidade para a tua vida por meio da Sua ressurreição.

          Ele é o único Caminho, a única Verdade, a única Vida!

 Pastor José Roberto Leal Oliveira

 

Sobre o Pastor José Roberto

  
 José Roberto Leal  é Pastor auxiliar na  Primeira IEQ de Curitiba e casado com a Pastora Jane Leal
 
 
Agradecemos a Revista Voz de Esperança  por  ter autorizado gentilmente a publicação desse artigo no nosso site.
Cassia Cohen -Editora Chefe
Em 1º de abril de 2011 Cassia teve gêmeos,Christopher e Oliver.No dia 06 ,Oliver,o caçulinha faleceu devido a complicações de uma infecção intestinal(enterocolite necrosante ).Em 06 de abril de 2012,um ano depois da partida do seu filho,a revista eletrônica foi lançada. Cassia é Piauiense, mora na Flórida-EUA com seu marido,Stuie e seus filhos Vick e Chris.
http://mulheresferidasquevoam.com

One thought on “O trem da minha vida, que seguia tão belamente, parou nessa estação chamada luto

  1. FOI MUITO PARECIDO COM O QUE ACONTECEU COM A MINHA FILHA!! ESTAVA BEM, DA NOITE PARA O DIA COMEÇOU A PASSAR MAL, E NA MANHÃ SEGUINTE, MINHA FILHA PARTIU. LAMENTO POR NÓS TODOS E QUE DEUS NOS DÊ FORÇAS!

Oi Meninas...e então o que vocês acharam?...comentem

Top
CLOSE
CLOSE